Por Ferreira Neto
Em todo maravilhoso mundo do
jornalismo, (isso mesmo, maravilhoso, se você não concorda o que está fazendo
aqui?) existem uma série de termos que são usados pelos profissionais para
identificar acontecimentos rotineiros da profissão. Aqui no Fala
Foca já foi esclarecido um deles, o porquê que novos jornalistas são conhecidos
como Focas. Hoje iremos
esclarecer o significado do termo Barriga
(ou barrigada).
Muitos podem pensar que
barriga no jornalismo se refere aos “corpulentos” profissionais que, devido ao
sedentarismo, sucumbem ao excesso de peso. Acreditem, sei do que estou
falando por experiência própria. Mas, na verdade o jargão significa nada mais
que uma notícia errada veiculada em uma emissora, de qualquer área (impressa, Tv, rádio).
Não se sabe exatamente quando ou como surgiu o adjetivo barrigada, pois os erros já
aconteciam ainda quando Niemayer rabiscava desenhos abstratos dentro de suas
fraldas, ou ainda mesmo quando Dercy Gonçalves aprendia seus primeiros palavrões.
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Barrigada: você está fazendo isso errado. |
Podemos supor vários motivos
que podem ter levado a essa nomenclatura. Uma barrigada em uma piscina não é
uma coisa muito bonita de se ver, e quem a deu, no mínimo, se envergonhou. Assim, pode ter surgido o jargão: barrigada = erro/vergonha.
Na história do jornalismo os
erros são frequentes, ninguém é perfeito. Qualquer profissional, mais cedo ou
mais tarde, passará por essa experiência. Muitas das barrigadas são decorrentes
da falha na apuração, com o recurso da internet, por exemplo, as notícias passaram a
percorrer um caminho muito curto até a sua divulgação, o que de certa forma é
normal, pois todo profissional busca ser o primeiro a dar o tão famoso furo de
reportagem. Porém, na pressa por ser o primeiro a publicar tal acontecimento os
profissionais acabam esquecendo-se de uma importante fase na construção de uma
boa reportagem: a apuração.
O Blog Fala Foca traz uma
série de exemplos de barrigadas que chacoalharam o mundo das comunicações
quando foram publicadas:
O caso do BOIMATE: Em sua edição de 27
de abril de 1983, a revista Veja publicou uma reportagem na qual chamava a
atenção para uma descoberta científica. Era o boimate, uma junção genética de
um boi e um tomate. Baseada em uma publicação da revista científica New
Science, a Veja não se preocupou em apurar a descoberta e acabou caindo em uma
brincadeira de 1º de abril (dia em que a New Science publicou a pegadinha). SAIBA MAIS:
Deífilo Morreu?: Um exemplo local. No
dia 1 de fevereiro de 2012, a grande maioria dos jornais do estado divulgaram a
notícia da morte do folclorista Deífilo Gurgel, contudo, o mesmo ainda estava
com vida internado na UTI do hospital. SAIBA MAIS:
Caso Escola Base: Se você é estudante
de jornalismo já estudou, se ainda não, pode esperar que vai ouvir falar muito
sobre ele. A escola Base era uma escola particular da cidade de São Paulo, no
dia 30 de março de 1994 o Brasil era tomado de revolta contra 4 pessoas acusados
erroneamente, de abusar sexualmente de crianças que estudavam na escola. Com a
ajuda da imprensa que abordou o assunto de maneira totalmente parcial, o caso
se tornou em pouco tempo uma das maiores barrigadas da história do Brasil,
estudado ate hoje por alunos de comunicação social de todo o país. SAIBA MAIS:
Falso Chávez: Como falei acima,
errar é humano. Até mesmo os grandes erram. Foi o que aconteceu com um dos
maiores periódicos do mundo, o jornal espanhol El País. No dia 23 de janeiro de
2013 o site do jornal publicou o que seria uma foto exclusiva do presidente da
Venezuela Hugo Chávez internado em um hospital. Na foto em questão, o homem
está entubado e aparenta estar em uma situação grave. A foto foi desmentida
pelo ministro de comunicação da Venezuela. O erro foi reconhecido, os jornais
foram recolhidos e a imagem retirada do site após 30 minutos, porém, o estrago
já estava feito. SAIBA MAIS:
Suposta foto do Presidente Hugo Chávez. |
Seja
qual for o motivo da barrigada, há de se ter o maior cuidado para evitar tal
tipo de erro. Os já cometidos não devem ser apontados como crítica, mas sim
como exemplo do que não se deve fazer. Lembrar que apesar da correria das
redações, a apuração é sempre inevitável para que se tenha uma boa reportagem
rica em detalhes, e que não macule a credibilidade do meio de comunicação, nem
destrua a vida de terceiros com a arma mais poderosa que existe: a palavra.
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