sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Por que foca?

Por Ferreira Neto
   PASEEEEEEEEEEEI!!! Provalvemente esse é o grito que muitos dão na hora da tão sonhada aprovação no vestibular. Horas de estudo são agora recompenssadas só em imaginar estar cursando aquela graduação que você tanto sonhou. Ao chegar a universidade o calouro se depara com diversos termos técnicos utilizdos em suas determinadas áreas, na medicina tem “cefaléia” (dor de cabeça), “Onicogrifose” (unha encravada), no direito tem “Converter o julgamento em diligência por unanimidade” (desculpe, não achei o significado desse termo na internet). Como não poderia ser diferente, no jornalismo existe uma centena de termos usados em redações pelos profissionais que perdem horas de sono em busca de uma boa história, temos a “barrigada” (quando se publica algo de forma errada), o “jabaculê” (uma espécie de “presentinho” – eu diria propina- recebido pelo repórter para escrever algo tendencioso que agrade a determinado grupo), dentre outros. Entretanto, talvez nenhum termo tenha causado tanta dúvida quanto a sua criação como o chamado foca.
  Foca é o nome dado a todo estudante de jornalismo e até mesmo jornalistas recém-saídos da universidade. O que causa o interesse de todos que fazem esse maravilhoso curso (podem colocar esse elogio na minha conta), é o porquê esse animal carnívoro que vive nas águas costeiras do Atlântico Norte e do Pacifico Norte em bancos de areia, embora possam ser encontradas em costas rochosas, é usado para designar esses nobres profissionais.
   Vasculhando na internet encontrei diversas possibilidades, a primeira (um pouco polêmica) dizia que o jornalista, assim como a foca, é um ser gordo e preguiçoso que passa o dia sentado bebendo café e escrevendo sobre a vida alheia, é... Também me senti ofendido, até porque não vejo as focas bebendo café e pelo que me consta as mesmas ainda não aprenderam a escrever (eu acho). A segunda atribuía à comparação ao sentido afetivo do aprendiz repórter, que é sempre atencioso e também curioso com tudo que acontece a sua volta,virando seu pescoço para todos os lados (movimento parecido com o das focas) a procura de novos conhecimentos, e também por serem jogados na arena dos leões, as redações com colegas vívidos e conhecedores dos assuntos pressionado pelo tempo e pelas responsabilidades.
   Para entender a outra teoria que encontrei é preciso conceituar o leitor sobre como funcionavam as ancestrais das máquinas digitais.  As antigas máquinas fotográficas eram um pouquinho diferentes das atuais, contam os mais velhos que os fotógrafos dos jornais focavam e deixavam o obturador (que é uma pequena janelinha que tinha nas antigas máquinas) aberto. Para que o flash disparasse, alguém tinha que riscar um fósforo em uma placa de magnésio que por sua vez explodia em um clarão, essa luz passava pelo obturador aberto e impressionava a chapa, o avô do filme, formando assim a imagem, (se ninguém morresse queimado lógico). Pois bem,acontece que alguns fotógrafos inexperientes demoravam em preparar a máquina e acabavam atrasando os demais, era algo como: “pera aí, estou focando”. Ao que os outros respondiam: “foca logo”. E os pobres fotógrafos ao se aproximarem para mais um dia de trabalho ouviam o que mais tarde se tornaria uma sina: “Ih... Lá vem o foca”.  Daí teria surgido o apelido carinhoso de foca.
   Não é só no Brasil que repórteres inexperientes são denominados por apelidos. Nos EUA, os novos jornalistas são chamados de cub que traduzindo seria filhote em inglês. Há ainda quem defenda que a denominação foca seja uma tradução mal feita da palavra cub (pode até ser, afinal de contas temos a infeliz tendência de abrazileirar tudo que podemos). O fato é que não existe uma teoria que podemos tomar como única para a criação desse termo, nos resta apenas aceitar e tomarmos como animal símbolo do nosso curso, afinal de contas até que a foquinha é bem bonitinha não é. 

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