segunda-feira, 4 de março de 2013

Barrigada não é só coisa de piscina!




Por Ferreira Neto
   Em todo maravilhoso mundo do jornalismo, (isso mesmo, maravilhoso, se você não concorda o que está fazendo aqui?) existem uma série de termos que são usados pelos profissionais para identificar acontecimentos rotineiros da profissão. Aqui no Fala Foca já foi esclarecido um deles, o porquê que novos jornalistas são conhecidos como Focas. Hoje iremos esclarecer o significado do termo Barriga (ou barrigada).

   Muitos podem pensar que barriga no jornalismo se refere aos “corpulentos” profissionais que, devido ao sedentarismo, sucumbem ao excesso de peso. Acreditem, sei do que estou falando por experiência própria. Mas, na verdade o jargão significa nada mais que uma notícia errada veiculada em uma emissora, de qualquer área (impressa, Tv, rádio).
   Não se sabe exatamente quando ou como surgiu o adjetivo barrigada, pois os erros já aconteciam ainda quando Niemayer rabiscava desenhos abstratos dentro de suas fraldas, ou ainda mesmo quando Dercy Gonçalves aprendia seus primeiros palavrões.

Barrigada: você está fazendo isso errado.
   Podemos supor vários motivos que podem ter levado a essa nomenclatura. Uma barrigada em uma piscina não é uma coisa muito bonita de se ver, e quem a deu, no mínimo, se envergonhou. Assim, pode ter surgido o jargão: barrigada = erro/vergonha.

   Na história do jornalismo os erros são frequentes, ninguém é perfeito. Qualquer profissional, mais cedo ou mais tarde, passará por essa experiência. Muitas das barrigadas são decorrentes da falha na apuração, com o recurso da internet, por exemplo, as notícias passaram a percorrer um caminho muito curto até a sua divulgação, o que de certa forma é normal, pois todo profissional busca ser o primeiro a dar o tão famoso furo de reportagem. Porém, na pressa por ser o primeiro a publicar tal acontecimento os profissionais acabam esquecendo-se de uma importante fase na construção de uma boa reportagem: a apuração.

   O Blog Fala Foca traz uma série de exemplos de barrigadas que chacoalharam o mundo das comunicações quando foram publicadas:

O caso do BOIMATE: Em sua edição de 27 de abril de 1983, a revista Veja publicou uma reportagem na qual chamava a atenção para uma descoberta científica. Era o boimate, uma junção genética de um boi e um tomate. Baseada em uma publicação da revista científica New Science, a Veja não se preocupou em apurar a descoberta e acabou caindo em uma brincadeira de 1º de abril (dia em que a New Science publicou a pegadinha). SAIBA MAIS:

Deífilo Morreu?: Um exemplo local. No dia 1 de fevereiro de 2012, a grande maioria dos jornais do estado divulgaram a notícia da morte do folclorista Deífilo Gurgel, contudo, o mesmo ainda estava com vida internado na UTI do hospital. SAIBA MAIS:

Caso Escola Base: Se você é estudante de jornalismo já estudou, se ainda não, pode esperar que vai ouvir falar muito sobre ele. A escola Base era uma escola particular da cidade de São Paulo, no dia 30 de março de 1994 o Brasil era tomado de revolta contra 4 pessoas acusados erroneamente, de abusar sexualmente de crianças que estudavam na escola. Com a ajuda da imprensa que abordou o assunto de maneira totalmente parcial, o caso se tornou em pouco tempo uma das maiores barrigadas da história do Brasil, estudado ate hoje por alunos de comunicação social de todo o país. SAIBA MAIS:

Falso Chávez: Como falei acima, errar é humano. Até mesmo os grandes erram. Foi o que aconteceu com um dos maiores periódicos do mundo, o jornal espanhol El País. No dia 23 de janeiro de 2013 o site do jornal publicou o que seria uma foto exclusiva do presidente da Venezuela Hugo Chávez internado em um hospital. Na foto em questão, o homem está entubado e aparenta estar em uma situação grave. A foto foi desmentida pelo ministro de comunicação da Venezuela. O erro foi reconhecido, os jornais foram recolhidos e a imagem retirada do site após 30 minutos, porém, o estrago já estava feito. SAIBA MAIS:

Suposta foto do Presidente Hugo Chávez.

   Seja qual for o motivo da barrigada, há de se ter o maior cuidado para evitar tal tipo de erro. Os já cometidos não devem ser apontados como crítica, mas sim como exemplo do que não se deve fazer. Lembrar que apesar da correria das redações, a apuração é sempre inevitável para que se tenha uma boa reportagem rica em detalhes, e que não macule a credibilidade do meio de comunicação, nem destrua a vida de terceiros com a arma mais poderosa que existe: a palavra.

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