quarta-feira, 20 de março de 2013

JAB... JABACU...JABACULÊ... JABA O QUE?




Por  Ferreira Neto


Ei. Psiu. O Dicionário de Foca está de volta, esclarecendo para você jargões e expressões utilizadas no dia a dia da universidade e também no mercado de trabalho. Dessa vez recebi uma pauta um tanto quanto engraçada. Meu chefe Matheus Soares me pediu para falar sobre o Jabá. Como sou um ótimo profissional, e não preciso pesquisar nada sobre os temas porque já sei de tudo (sei, até parece), logo soube do que se tratava.

Provavelmente se você questionar um calouro sobre o Jabaculê, ele não saberá do que se trata. Se for alguém do nordeste irá ainda mais longe, vai dizer com toda a tranquilidade que o Jabá é um tipo de carne. Fiz a experiência. Ao escrever esse texto perguntei aos meus queridos calouros se sabiam o que significava, e, como imaginava apenas uma soube responder corretamente, apesar de que tenho minhas sérias dúvidas se a mesma pediu ajuda ao Google.

Enfim, Jabaculê¹ (ou Jabá), nada mais é do que um termo utilizado no mercado brasileiro de radiodifusão para designar suborno. Isso mesmo, o jabá como é conhecido trata-se de uma propina, paga geralmente a uma rádio, uma TV ou um jornalista para que determinado produto (música, videoclipe, notícia) seja veiculado. Para entender melhor vou citar três exemplos:

No rádio: Fulaninho tem uma rádio que toca os grandes sucessos da música brasileira... Ok me empolguei na do radialista. Então, a gravadora, ou produtor do artista “X” quer que seu produto faça cada vez mais sucesso, para isso ele combina com a rádio de pagar um valor “Y” para que o radialista toque a música da sua banda. Assim fazendo, o publico vai de uma maneira ou outra se acostumar com aquela música. Por sua vez, o ouvinte acaba se “viciando” (se é que posso usar esse termo) na mesma música e quando liga pra rádio adivinha qual ele vai pedir? Pois é.

Na TV: O jabá na Tv se configura quase da mesma forma que no rádio. A diferença é que ao invés de ser através de músicas, os produtores, ou seja lá quem for os interessados, compram o espaço na programação para que seus “produtos” (entenda-se artistas) venham a se apresentar.

No impresso (ou qualquer área que envolva o jornalismo): O deputado “Z” está envolvido em um caso de corrupção. O jornalista “honesto” tem em suas mãos provas de que o parlamentar é mesmo culpado. Tudo pronto para um furo de reportagem. O jornalista é então procurado pela assessoria do deputado que lhe oferece um “Jabazinho” para que não publique sua reportagem, ou ainda que mude a pauta e escreva sob uma ótica que exalte e não crucifique o deputado. Ou seja SUBORNO, PROPINA, FAZ ME RIR, em troca de favores ilícitos. Deu pra entender?

A prática do pagamento do jabá é bem mais antiga do que se imagina. Comenta-se por ai que o velho guerreiro, Chacrinha, foi um dos precursores da prática. Em seu programa chamado “O Cassino do Chacrinha” o apresentador levava ao palco diversas atrações que animavam as tardes dos sábados na década de 70. Muitas dessas atrações rezam as más línguas, pagavam ao apresentador para que pudessem se apresentar².

Entendido o que significa Jabá vamos ao surgimento do termo. Mais uma vez não há quem garanta em 100% sua origem, mas pesquisando um pouquinho descobri que uma das lendas sobre o termo diz que o jargão surgiu através de um jornalista que era apaixonado pela culinária nordestina. Certa vez ao receber um suborno para divulgar uma dupla de cantores o mesmo exclamou na presença de alguns colegas: “O jabá do almoço de hoje está garantido!”. Desse dia em diante o termo passou a ser usado para designar aquela graninha extra ganhada a custo de suborno. Jabaculê por sua vez é apenas uma variação do Jabá, significando a mesma coisa.


Ninguém admite receber, ou já ter recebido o tão famigerado jabá, o que muitos não sabem é que além de ser antiética, a prática é considerada crime desde 2006 pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados do Brasil. Pela lei, a pena varia desde multa a detenção de um a dois anos, além da cassação da emissora que se envolver com o suborno.

Além de crime o pagamento de jabá é uma atitude totalmente fora da ética jornalística. Quem recebe não merece ser tratado pelos iguais como um jornalista e sim um criminoso, pois a prática do jornalismo cidadão traz bem mais benéficos e satisfação do que se vender para um grupo, ou por uma mera troca de favores.


CURIOSIDADES

¹Definição do dicionário quanto ao jabaculê:
Suborno, dinheiro com que se compra um jogador adversário. 2 gír Dinheiro que o apresentador de um programa de TV ou rádio recebe de um empresário, para que o artista por este representado possa apresentar-se no referido programa, ou tenha sua música executada. 

 ² Reportagem do estadão sobre o Chacrinha: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-havia-o-lado-sombrio-do-velho-guerreiro,458613,0.htm

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