quinta-feira, 14 de março de 2013

Especial ESCOLA BASE (parte 4)


Por Alice Andrade


   Uma vez condenados pela mídia e, consequentemente, pela maioria da sociedade, as reais vítimas do caso Escola Base jamais recuperaram a honra e nem a paz. Mesmo após o encerramento do caso, os veículos de comunicação não se retrataram da forma correta. Muitos divulgaram que as investigações cessaram por falta de provas; no entanto, entre faltar provas e a confirmação da inocência dos seis há uma enorme distância.

   Ayres Shimada está com muitas dívidas financeiras. Além disso, sofre com problemas emocionais e não consegue dormir à noite. Sua esposa, Maria Aparecida Shimada, viu seu projeto (a Escola Base) terminar devido às acusações.

   Saulo e Mara Nunes chegaram a ser presos durante o clímax do caso, mas foram soltos depois da corroboração de sua inocência. Entretanto, enfrentam problemas financeiros por causa da dívida acumulada durante a contratação de advogados.

   Já o casal Paula e Maurício Alvarenga se divorciou. Ele ficou transtornado psicologicamente, sofria de síndrome do pânico, tinha medo de sair à rua e, para encontrar seu advogado, montava esquemas de disfarce devido ao medo de alguém o reconhecer. Já Paula, após a separação, foi morar com suas duas filhas na casa da mãe e não possui emprego fixo, pois está impedida de lecionar. Seu rosto estava marcado e ninguém jamais confiou novamente em uma suspeita de abuso sexual infantil.

   Edélson Lemos, delegado responsável pela maior parte das investigações, tornou-se delegado titular e dá aulas na academia de Polícia Civil.

   Richard Pedicini, o “gringo” da história, se viu livre das acusações ao ser desmentido o seu suposto envolvimento no caso Escola Base. Após o episódio, dedicou-se a provar, cada vez mais, a sua inocência. Dessa forma, também aglomerou inúmeros débitos financeiros.

   As mães Cléa e Lúcia, aconselhadas pela psicóloga Walquiria Fonseca Duarte, continuaram com o tratamento psicológico dos seus filhos, pois, de acordo com a especialista, eles foram realmente vítimas de abuso sexual.

   As vítimas da acusação moveram uma ação contra o Estado e alguns veículos de comunicação, como a Veja, Folha de São Paulo e a Globo. A esposa de Ayres faleceu em 2007 por causa de um câncer; Maurício e Ayres receberam ressarcimentos de algumas empresas, no entanto ainda aguardam a indenização do Estado. Embora tenham sido ressarcidos, eles continuam com problemas financeiros e abalados psicologicamente, visto que a suas vidas foram completamente arrasadas pela polícia, imprensa e sociedade.

   Paula foi a única que não recebeu nada e está correndo risco de que seu processo prescreva. Atualmente, ela mora em sua casa depredada, tem problemas de saúde, emocionais e financeiros. Ela nunca conseguiu outro emprego.       

7 comentários:

  1. Revoltante e digno de tristeza. Como a mídia pode acabar com a vida de pessoas assim e ficar por isso mesmo?? Onde está a ética??

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    1. Entendo sua revolta, cabe nos basearmos em casos passados como esse para que os mesmos erros não sejam cometidos!

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  2. Alice, se fores boa jornalista como és como pessoa, darás um show...

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  3. Ações inconsequentes destruiram para sempre a vida de pessoas inocentes. Nada vai reparar o extremo dano moral que sofreram. Pelo visto, só resta a justiça divina já que não existe a justiça dos homens.

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  4. Também entendo sua revolta. Cabe a mesma mídia que destruiu, agora reparar. Cabe as mesma pessoas que destruíram e quebraram a escola, agora ir lá e consertar, fazer uma nova. Procurar os donos e reconhecer as atitudes animalescas que tiveram. Cabe a mídia mostrar como não se deve fazer jornalismo. Cabe a policia, mostrar como não se deve atuar um delegado. Cabe as mães que destruíram vidas, pedirem desculpas e pagarem pelo que fizeram, a começar pedindo desculpas aos filhos pelas atitudes que fizeram contra outras pessoas – INOCENTES - . Enfim , cabe a nós educar os mais novos a não fazer justiça com as próprias mãos (quebrando linchando –etc), educar e dizer para e que em todas as noticias tem interessados e interesses. Quais são eles ?

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  5. A imprensa foi irresponsável, mas para mim, o vilão do caso é o delegado que armou tudo pra se aparecer, basta olhar a cara cínica dele nas "entrevistas" que ele dava, nas coletivas em que ele mesmo recrutava toda a imprensa para falar sobre as novas "provas". E o que aconteceu com ele? NADA! CONTINUA TRABALHANDO NORMALMENTE COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO!!! Com certeza tem sua casa própria, carro, família, emprego, e destruiu a vida de inocentes. Para mim ele é um abusador, sem moral, sem ética, um nojento, um lixo, escória, um verme. Aí se coloca tudo nas costas da imprensa, que realmente foi irresponsável, mas que fez o maior sensacionalismo mesmo foi aquele desejo do delegado. Que morra queimando nas profundezas do inferno, aquele nojento!

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  6. Maior culpado foi o delegado que queria aparecer e chamou a mídia para o seu showzinho!

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