sábado, 30 de março de 2013

Clica, foca!



Por Natália Noronha

Levando em consideração o fato de que hoje é um sábado-preguiçoso-de-feriado e que, mais preguiçoso do que o sábado, só você, o Clica, foca! traz hoje uma retomada rápida e dinâmica do que houve por aí nessa última semana de março. O bom do Clica, foca! é que você fica bem informado rapidamente. É notícia em forma de foto.

Bom restante de feriado a todos – e tirem muita foto!


Domingo, 24 de março
Em Rio Branco, a cheia que assolou o Acre, provocada pelas fortes chuvas da temporada, deixou nove famílias sem casa. A Defesa Civil sugeriu mais de 20 famílias a se mudarem rapidamente.
 Foto: Assem Neto/UOL


Segunda, 25 de março
Mulher descansa próximo ao que restou de seu barraco em San Andres, na Nicarágua. Ela e mais 250 pessoas foram expulsas de onde moravam pela Polícia Nacional por ocupação ilegal da região. Cinquenta e três pessoas foram detidas e algumas fugiram durante a ação.
Foto: Oswaldo Rivas/Reuters


Terça, 26 de março
Há três anos, o naufrágio de um navio de guerra sul-coreano, ocasionado por um torpedo disparado pela Coreia do Norte, culminou com a morte de seis tripulantes. Na foto, parente de uma das vítimas chora diante de sua cova, em Seul, Coreia do Sul.
Foto: Jeon Heon-Kyun/Efe


Quarta, 27 de março
No centro da Cidade do México, exatamente um mês após suas cabines serem consumidas em incêndio no mercado tradicional do centro da cidade, cerca de 50 pessoas se reuniram na prefeitura para exigir a reconstrução das cabines. Na foto, um dos manifestantes é detido.
Foto: Alexandre Meneghini/AP


Quinta, 28 de março
Na última quinta-feira, um grupo de estudantes se manifestou contra o aumento das passagens de ônibus, no bairro da Carioca, no Rio de Janeiro.
 Foto: Ale Silva/Futura Press


Sexta, 29 de março
No parque Ibirapuera, em São Paulo, grupo de pessoas distribui "abraços de Páscoa" na sexta-feira santa.
Foto: Renato S. Cerqueira/Futura Press


Sábado, 30 de março
No vilarejo de Beit Omar, manifestante protesta diante de soldados israelenses contra a expansão das terras de Israel na Cisjordânia. Há 37 anos, uma série de manifestações contra a expansão de terras israelenses culminou com a morte de seis palestinos.
Foto: Abed Al Hashlamoun/EPA/EFE

segunda-feira, 25 de março de 2013

Vida de foca 2: Rayane Mainara

Por Matheus Soares
   Após perambularmos por corredores de um hospital público, eu e Natália resolvemos acompanhar a rotina de um assessor de imprensa. Portados da câmera e do nosso espírito aventureiro, queríamos mostrar aos nossos leitores o trabalho de um jornalista que não está na redação, mas que desenvolve a comunicação institucional onde trabalha.
   Porém, ao contatar Rayane, nossa colega de sala, descobrimos que o trabalho dela não se limitava apenas ao famoso clipping e aos releases. Por trabalhar em uma escola como representante de uma empresa de assessoria, ela cuidava das mídias digitais e dos próprios veículos de comunicação internos, valorizados pelos alunos, pelos pais e pelos profissionais do colégio.
   No dia da gravação tivemos sorte, novamente. Rayane iria cobrir o carnaval da educação infantil, tirar fotos para postar no facebook e para ilustrar o release, já pronto, do evento. Colamos nela e gravamos todos os seus passos. O resultado você confere abaixo, nos dois novos vídeos do Vida de Foca.


quarta-feira, 20 de março de 2013

JAB... JABACU...JABACULÊ... JABA O QUE?




Por  Ferreira Neto


Ei. Psiu. O Dicionário de Foca está de volta, esclarecendo para você jargões e expressões utilizadas no dia a dia da universidade e também no mercado de trabalho. Dessa vez recebi uma pauta um tanto quanto engraçada. Meu chefe Matheus Soares me pediu para falar sobre o Jabá. Como sou um ótimo profissional, e não preciso pesquisar nada sobre os temas porque já sei de tudo (sei, até parece), logo soube do que se tratava.

Provavelmente se você questionar um calouro sobre o Jabaculê, ele não saberá do que se trata. Se for alguém do nordeste irá ainda mais longe, vai dizer com toda a tranquilidade que o Jabá é um tipo de carne. Fiz a experiência. Ao escrever esse texto perguntei aos meus queridos calouros se sabiam o que significava, e, como imaginava apenas uma soube responder corretamente, apesar de que tenho minhas sérias dúvidas se a mesma pediu ajuda ao Google.

Enfim, Jabaculê¹ (ou Jabá), nada mais é do que um termo utilizado no mercado brasileiro de radiodifusão para designar suborno. Isso mesmo, o jabá como é conhecido trata-se de uma propina, paga geralmente a uma rádio, uma TV ou um jornalista para que determinado produto (música, videoclipe, notícia) seja veiculado. Para entender melhor vou citar três exemplos:

No rádio: Fulaninho tem uma rádio que toca os grandes sucessos da música brasileira... Ok me empolguei na do radialista. Então, a gravadora, ou produtor do artista “X” quer que seu produto faça cada vez mais sucesso, para isso ele combina com a rádio de pagar um valor “Y” para que o radialista toque a música da sua banda. Assim fazendo, o publico vai de uma maneira ou outra se acostumar com aquela música. Por sua vez, o ouvinte acaba se “viciando” (se é que posso usar esse termo) na mesma música e quando liga pra rádio adivinha qual ele vai pedir? Pois é.

Na TV: O jabá na Tv se configura quase da mesma forma que no rádio. A diferença é que ao invés de ser através de músicas, os produtores, ou seja lá quem for os interessados, compram o espaço na programação para que seus “produtos” (entenda-se artistas) venham a se apresentar.

No impresso (ou qualquer área que envolva o jornalismo): O deputado “Z” está envolvido em um caso de corrupção. O jornalista “honesto” tem em suas mãos provas de que o parlamentar é mesmo culpado. Tudo pronto para um furo de reportagem. O jornalista é então procurado pela assessoria do deputado que lhe oferece um “Jabazinho” para que não publique sua reportagem, ou ainda que mude a pauta e escreva sob uma ótica que exalte e não crucifique o deputado. Ou seja SUBORNO, PROPINA, FAZ ME RIR, em troca de favores ilícitos. Deu pra entender?

A prática do pagamento do jabá é bem mais antiga do que se imagina. Comenta-se por ai que o velho guerreiro, Chacrinha, foi um dos precursores da prática. Em seu programa chamado “O Cassino do Chacrinha” o apresentador levava ao palco diversas atrações que animavam as tardes dos sábados na década de 70. Muitas dessas atrações rezam as más línguas, pagavam ao apresentador para que pudessem se apresentar².

Entendido o que significa Jabá vamos ao surgimento do termo. Mais uma vez não há quem garanta em 100% sua origem, mas pesquisando um pouquinho descobri que uma das lendas sobre o termo diz que o jargão surgiu através de um jornalista que era apaixonado pela culinária nordestina. Certa vez ao receber um suborno para divulgar uma dupla de cantores o mesmo exclamou na presença de alguns colegas: “O jabá do almoço de hoje está garantido!”. Desse dia em diante o termo passou a ser usado para designar aquela graninha extra ganhada a custo de suborno. Jabaculê por sua vez é apenas uma variação do Jabá, significando a mesma coisa.


Ninguém admite receber, ou já ter recebido o tão famigerado jabá, o que muitos não sabem é que além de ser antiética, a prática é considerada crime desde 2006 pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Deputados do Brasil. Pela lei, a pena varia desde multa a detenção de um a dois anos, além da cassação da emissora que se envolver com o suborno.

Além de crime o pagamento de jabá é uma atitude totalmente fora da ética jornalística. Quem recebe não merece ser tratado pelos iguais como um jornalista e sim um criminoso, pois a prática do jornalismo cidadão traz bem mais benéficos e satisfação do que se vender para um grupo, ou por uma mera troca de favores.


CURIOSIDADES

¹Definição do dicionário quanto ao jabaculê:
Suborno, dinheiro com que se compra um jogador adversário. 2 gír Dinheiro que o apresentador de um programa de TV ou rádio recebe de um empresário, para que o artista por este representado possa apresentar-se no referido programa, ou tenha sua música executada. 

 ² Reportagem do estadão sobre o Chacrinha: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,e-havia-o-lado-sombrio-do-velho-guerreiro,458613,0.htm

segunda-feira, 18 de março de 2013

Jornalista ministra palestra em Natal na ultima sexta-feira


Por Matheus Soares
   “Eu descia as escadas enquanto o cano da arma tocava minha cabeça. Percebi que as escadas davam para uma parede. Eu sabia que ia morrer, tinha certeza”. Essas  foram algumas das palavras que Klester Cavalcanti proferiu aos ouvintes que assistiram sua palestra, no prédio do CCHLA (UFRN), sobre os seis dias de terror que ele passou na Síria, em maio de 2012, durante a guerra civil.
   O jornalista, que já ganhou dois prêmios Jabuti de literatura, contou que pagou a própria passagem para o país no Oriente Médio e foi cobrir o conflito por vontade própria. Conseguiu fontes na embaixada brasileira da Síria e obteve o seu devido visto para tal território. Porém, o que seria uma cobertura jornalística resultou em seis dias de prisão em uma delegacia improvisada, sujeito a agressões corporais e situações extremas de vida ou morte.
   “Passar no Ministério da Informação”, dizia, árabe e português, o seu passaporte. Klester deveria ir ao ministério para ser acompanhado por um guia do governo, que não o levaria para os territórios em guerra. No entanto, ele resolveu entrar na cidade de Homs, epicêntro da guerra civil, sem passar no lugar indicado e sem qualquer permissão. Talvez tenha sido isso o motivo da prisão dele, comenta o próprio jornalista.
   Mesmo a palestra passando do horário estipulado, as pessoas continuaram até o final. Após responder aos questionamentos do público, Klester lançou seu livro, Dias de inferno na Síria, em que conta a sua aventura, a qual foi tema do evento.

De engenheiro industrial a jornalista
   Klester já trabalhava em uma empresa como engenheiro industrial quando decidiu partir para a área de comunicação. “Eu era bom em matemática e desenho. [...] Mas larguei tudo para trabalhar em uma empresa de assessoria por 90 reais”, comenta o jornalista.
   Aos poucos, foi evoluindo na nova área, seguindo para uma empresa de assessoria maior. Porém, foi para a redação de um jornal pernambucano, até ser chamado para ser correspondente da revista Veja em Belém do Pará.
   Em 2000, foi levado à São Paulo por ter sofrido um sequestro na cidade do norte do país. Trabalhou em diversos títulos da Editora Abril, como a revista VIP, até assumir o comando do portal Estadão, em 2010. Dois anos depois, segue para a Istoé Gente, onde está atualmente.


   O jornalista é autor de quatro livros, entre eles O nome da morte, que já está sendo produzido para uma versão cinematográfica.



   É só curtir nossa página no facebook, entrar nesse link e clicar em "Quero participar". O sorteio será feito dia 2 de abril e será válido apenas para pessoas que moram na cidade de Natal (RN). Após sabermos o felizardo, é preciso agendar a entrega do prêmio. Siga as regras e boa sorte!!


Dias de Inferno na Síria - Klester Cavalcanti saiu de São Paulo, em maio de 2012, com a missão de registrar a realidade da guerra civil na Síria, iniciada em março de 2011. Partiu para Beirute, no Líbano, com toda a documentação em ordem. Tinha o visto sírio, uma lista dos equipamentos que poderia portar, passaporte e um contato esperando-o na cidade de Homs, então epicentro do conflito entre as forças do ditador Bashar al-Assad e os rebeldes do Exército Livre da Síria. Seu plano era entrar em território sírio pela fronteira libanesa e acompanhar por alguns dias a ação dos rebeldes. Mas nada aconteceu como planejado. O jornalista foi preso pelas tropas oficiais, torturado e encarcerado por seis dias numa cela que dividia com mais de 20 detentos. Acostumado a denunciar violações dos Direitos Humanos no Brasil, ele conseguiu fazer seu trabalho no ambiente inóspito da prisão, lá estavam os personagens e as histórias que precisava para retratar a guerra civil que acompanhava da cela, ouvindo os tiros e as explosões que vinham das ruas. O livro apresenta o conflito sírio de uma perspectiva vista de dentro, ao mesmo tempo em que e as vítimas e os algozes da guerra podem ganhar a dimensão humana que faz refletir sobre as diferenças religiosas, de raça e de poder que maltratam o mundo.

sábado, 16 de março de 2013

Clica, foca!



Por Natália Noronha

A capacidade de capturar o novo através de uma imagem, sem precisar nada dizer, muito me admira. O novo já admira, já cativa atenção, mas há aqueles que conseguem realçar o fato com ângulos, com cores, com posições, com distâncias. Toda a minha admiração aos bons fotojornalistas!
Essa conversa toda serviu apenas pra dar um contexto ao post de hoje. O Clica, foca! traz imagens da segunda semana deste mês. Os acontecimentos, os eventos, as pessoas que despertaram o olhar (e os dedos) dos fotojornalistas e viraram registro fotográfico. Vamos ver o que aconteceu de bom no fotojornalismo desta semana?

Domingo, 10 de março
O projeto “Praia Para Todos” se propôs a oferecer uma melhor infraestrutura para os deficientes físicos que desejam curtir a praia. A ação contou com o trabalho de salva-vidas e aconteceu no último domingo na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Foto: ERBS Jr./Frame

Segunda, 11 de março
Um protesto que reivindica a não utilização de animais em apresentações circenses foi feito na cidade de Medellín, na Colômbia. Os ativistas pintaram o corpo e se prenderam numa jaula para defender os direitos dos animais.
Foto: Albeiro Lopera/Reuters

Terça, 12 de março
No velório de uma mãe e seus sete filhos, todos de naturalidade turca, mortos em um incêndio em Backnang, na Alemanha, homem deixa anotação em cima de um dos caixões. O enterro será realizado na Turquia após os corpos serem transportados de Backnang, onde ocorreu o velório, ao país.
Foto: Marijan Murat/AFP

Quarta, 13 de março
Registro de uma ação do corpo de bombeiros para conter o fogo que se originou de um curto circuito num escritório em Niterói (RJ), que resultou em três feridos. As chamas foram apagadas.
Foto: Márcio Alves/Agência O Globo

Quinta, 14 de março
Próximo à Avenida Paulista, funcionários do Sindicato dos Bancários manifestam em frente à agência do banco. Os manifestantes alegam sofrer assédio moral e justificam suas fantasias com o fato de o trabalho ser um inferno.
Foto: Gustavo Basso/UOL

Sexta, 15 de março
Parente de um taxista palestino chora em seu velório em Al-Ram, na Cisjordânia. Moayad Ghazawneh, 34, foi morto enquanto confrontava forças israelenses.
Foto: Majdi Mohammed/AP

sexta-feira, 15 de março de 2013

Especial CASO ESCOLA BASE (Parte 5)

A mídia que constroi é a mesma que destroi

Por Alice Andrade
   É perceptível que nós, profissionais da comunicação, temos um considerável poder de influência sobre a sociedade. A partir do momento no qual damos, arbitrariamente, uma sentença a determinado caso, fazemos com que inúmeras pessoas tomem isso como verdade absoluta e saiam reproduzindo tais informações.

   A Escola Base é um exemplo de má apuração e falta de ética. Na corrida pelo furo de reportagem, vários jornalistas divulgaram informações equivocadas que destruíram, para sempre, a vida dos acusados.

   Dentro dessa abordagem, deve-se ressaltar o Diário Popular – atualmente Diário de São Paulo – por sua postura cautelosa. O jornal foi o primeiro a ter conhecimento sobre as acusações, mas preferiu esperar para que houvesse uma maior checagem dos fatos.

   O então editor, Miranda Jordão, ordenou que fosse publicada apenas uma matéria com informações técnicas sobre o que estava acontecendo. Sendo assim, foi forte a pressão que a redação do jornal sofreu por não ter divulgado nada a respeito do episódio. Alguns até suspeitaram de um acordo entre o Diário e a escola para diminuir a proporção do ocorrido.

   Hoje, o caso Escola Base se tornou referência obrigatória nas discussões a respeito de ética no jornalismo e poder da mídia. Infelizmente, seis pessoas precisaram ter suas vidas devastadas para que essas reflexões fossem mais frequentes.

   Por isso, temos que observar essa história como um modelo negativo de se fazer jornalismo. Afinal, se o poder que temos em nossas mãos – na figura de comunicadores – é grande, a responsabilidade que o acompanha deve ser ainda maior.

“De fato, se a imprensa diária, tal como acontece com outros grupos profissionais, tivesse de pendurar um letreiro, seus dizeres deveriam ser os seguintes: aqui, homens são desmoralizados com a maior rapidez possível, na maior escala possível e ao preço mais baixo possível.”

Sorel, 1848
 



CONFIRA TODO O ESPECIAL

Ação publicitária movimenta o setor II na UFRN

Por Matheus Soares
   Na noite da quinta-feira (14), a empresa júnior de publicidade 59 mil realizou uma ação para promover o primeiro Congresso Internacional de Publicidade da UFRN (Conip). Um tecido branco foi estendido no meio do corredor do setor II da universidade, no qual qualquer pessoa podia pintar e desenhar, atraindo dezenas de curiosos.
   Segundo Gabriella Gurgel, diretora de planejamento da empresa, o objetivo era fazer um grande labirinto, remetendo o símbolo do evento. Também foram disponibilizados jogos de labirintos, em que o mais rápido a completar o game ganhava a inscrição gratuita.
   "A ideia surgiu a partir de conversas entre toda equipe da 59mil", comenta Gabriella. Ela também diz que o congresso está a cargo da empresa, que, além de assessorar, também produz o evento.
   O Conip tem como tema "Perspectivas da publicidade na Ibero-America" e será sediado nos dias 3,4 e 5 de abril. Aluno ou professor podem fazer as inscrições até 25 de março. Mais informações no site e no facebook.



quinta-feira, 14 de março de 2013

Especial ESCOLA BASE (parte 4)


Por Alice Andrade


   Uma vez condenados pela mídia e, consequentemente, pela maioria da sociedade, as reais vítimas do caso Escola Base jamais recuperaram a honra e nem a paz. Mesmo após o encerramento do caso, os veículos de comunicação não se retrataram da forma correta. Muitos divulgaram que as investigações cessaram por falta de provas; no entanto, entre faltar provas e a confirmação da inocência dos seis há uma enorme distância.

   Ayres Shimada está com muitas dívidas financeiras. Além disso, sofre com problemas emocionais e não consegue dormir à noite. Sua esposa, Maria Aparecida Shimada, viu seu projeto (a Escola Base) terminar devido às acusações.

   Saulo e Mara Nunes chegaram a ser presos durante o clímax do caso, mas foram soltos depois da corroboração de sua inocência. Entretanto, enfrentam problemas financeiros por causa da dívida acumulada durante a contratação de advogados.

   Já o casal Paula e Maurício Alvarenga se divorciou. Ele ficou transtornado psicologicamente, sofria de síndrome do pânico, tinha medo de sair à rua e, para encontrar seu advogado, montava esquemas de disfarce devido ao medo de alguém o reconhecer. Já Paula, após a separação, foi morar com suas duas filhas na casa da mãe e não possui emprego fixo, pois está impedida de lecionar. Seu rosto estava marcado e ninguém jamais confiou novamente em uma suspeita de abuso sexual infantil.

   Edélson Lemos, delegado responsável pela maior parte das investigações, tornou-se delegado titular e dá aulas na academia de Polícia Civil.

   Richard Pedicini, o “gringo” da história, se viu livre das acusações ao ser desmentido o seu suposto envolvimento no caso Escola Base. Após o episódio, dedicou-se a provar, cada vez mais, a sua inocência. Dessa forma, também aglomerou inúmeros débitos financeiros.

   As mães Cléa e Lúcia, aconselhadas pela psicóloga Walquiria Fonseca Duarte, continuaram com o tratamento psicológico dos seus filhos, pois, de acordo com a especialista, eles foram realmente vítimas de abuso sexual.

   As vítimas da acusação moveram uma ação contra o Estado e alguns veículos de comunicação, como a Veja, Folha de São Paulo e a Globo. A esposa de Ayres faleceu em 2007 por causa de um câncer; Maurício e Ayres receberam ressarcimentos de algumas empresas, no entanto ainda aguardam a indenização do Estado. Embora tenham sido ressarcidos, eles continuam com problemas financeiros e abalados psicologicamente, visto que a suas vidas foram completamente arrasadas pela polícia, imprensa e sociedade.

   Paula foi a única que não recebeu nada e está correndo risco de que seu processo prescreva. Atualmente, ela mora em sua casa depredada, tem problemas de saúde, emocionais e financeiros. Ela nunca conseguiu outro emprego.       

quarta-feira, 13 de março de 2013

Especial ESCOLA BASE (Parte 3)



Por Alice Andrade
   Após a prisão preventiva de Saulo e Mara, os advogados tiveram acesso ao telex do Instituto Médico Legal (IML) e viram que o seu resultado era totalmente inconclusivo. O documento alegava que as cicatrizes no menino poderiam ser tanto de um abuso sexual como também de uma diarreia forte. Mais tarde, a própria Lúcia Eiko confirmou que seu filho sofria de constipação intestinal.

   Nesse contexto, a situação dos indiciados começou a ser revertida. Provas da inocência dos seis, como depoimentos de funcionários do colégio e dos pais de outros alunos, passaram a surgir na defesa deles.

   Todavia, apenas no dia 22 de junho os suspeitos de abuso sexual de menores foram inocentados pelo delegado Gérson de Carvalho. Discretamente, os jornais começaram suas retratações e focaram no ponto de vista das atuais vítimas, antes culpados. Porém, nada foi suficiente para consertar tantos danos morais e a exposição gerada aos três casais envolvidos.

Principais Envolvidos

   Os principais envolvidos no episódio foram os proprietários da escola, o casal Maria Aparecida Shimada e Icushiro Shimada (Ayres); seus sócios, Paula Milhin de Monteiro Alvarenga e Maurício de Monteiro Alvarenga; e os pais de um dos alunos, Mara Cristina e Saulo Nunes. Ambos foram os acusados de abuso sexual contra as crianças da Escola Base e julgados precocemente pela imprensa e polícia.

   No entanto, o delegado Edélson Lemos também figurou entre os nomes de destaque no caso. Foi ele quem interpretou o telex do IML de maneira parcial.

   Ainda dentro da polícia, pode-se citar o nome do juiz Galvão Bruno e dos delegados Gérson de Carvalho e Jorge Carrasco. Estes assumiram as investigações após o afastamento de Lemos.

   Contudo, é impossível falar no caso Escola Base sem lembrar os nomes daquelas que deram início a todo o desenrolar da história: Lúcia Eiko e Cléia Carvalho. Já Richard Harrod Pedicini, americano residente no bairro da Aclimação, foi acusado de ser o responsável pelo tráfico das fotos dos menores da Escola Base e também de outras crianças.