sexta-feira, 15 de março de 2013

Especial CASO ESCOLA BASE (Parte 5)

A mídia que constroi é a mesma que destroi

Por Alice Andrade
   É perceptível que nós, profissionais da comunicação, temos um considerável poder de influência sobre a sociedade. A partir do momento no qual damos, arbitrariamente, uma sentença a determinado caso, fazemos com que inúmeras pessoas tomem isso como verdade absoluta e saiam reproduzindo tais informações.

   A Escola Base é um exemplo de má apuração e falta de ética. Na corrida pelo furo de reportagem, vários jornalistas divulgaram informações equivocadas que destruíram, para sempre, a vida dos acusados.

   Dentro dessa abordagem, deve-se ressaltar o Diário Popular – atualmente Diário de São Paulo – por sua postura cautelosa. O jornal foi o primeiro a ter conhecimento sobre as acusações, mas preferiu esperar para que houvesse uma maior checagem dos fatos.

   O então editor, Miranda Jordão, ordenou que fosse publicada apenas uma matéria com informações técnicas sobre o que estava acontecendo. Sendo assim, foi forte a pressão que a redação do jornal sofreu por não ter divulgado nada a respeito do episódio. Alguns até suspeitaram de um acordo entre o Diário e a escola para diminuir a proporção do ocorrido.

   Hoje, o caso Escola Base se tornou referência obrigatória nas discussões a respeito de ética no jornalismo e poder da mídia. Infelizmente, seis pessoas precisaram ter suas vidas devastadas para que essas reflexões fossem mais frequentes.

   Por isso, temos que observar essa história como um modelo negativo de se fazer jornalismo. Afinal, se o poder que temos em nossas mãos – na figura de comunicadores – é grande, a responsabilidade que o acompanha deve ser ainda maior.

“De fato, se a imprensa diária, tal como acontece com outros grupos profissionais, tivesse de pendurar um letreiro, seus dizeres deveriam ser os seguintes: aqui, homens são desmoralizados com a maior rapidez possível, na maior escala possível e ao preço mais baixo possível.”

Sorel, 1848
 



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Um comentário:

  1. Recentemente vi uma entrevista do repórter Valmir Salaro no programa "Altas Horas", em que ele se "gabava" ao Serginho Groissman por ter feito a primeira entrevista com os Nardoni depois de todas as denúncias. "Todos me criticaram por ter sido imparcial com os dois, por não tê-los acusado. Mas, as pessoas têm que entender que não sou polícia nem juiz", falou Salaro.

    Pois é, vai ver ele aprendeu, depois de anos na "geladeira" da Globo, a não julgar, como fez quando acompanhou o Caso Escola Base.

    P.S.: Valmir Salaro foi o "repórter-acusador" da TV Globo na época em que surgiram as denúncias.

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