domingo, 26 de maio de 2013

Clica, foca!

O Essipê que os jornais não noticiam

Por Natália Noronha

A Virada Cultural de São Paulo aconteceu nos dias 18 e 19 de maio deste ano e contou com cerca de 900 atrações culturais divididas em diversas localidades da capital paulista. O evento chegou ao nono ano em 2013 e reuniu um público de aproximadas 4 milhões de pessoas.
Mesmo diante da cor bonita que é nascida apenas da cultura e da arte, a sombra da insegurança e da violência acinzentou o céu paulistano. A Polícia Militar registrou 2 mortes e 28 detenções, além de arrastões, tumultos, furtos e esfaqueamentos.
Mas a cultura venceu. O amor venceu. Nos abraços, na troca de olhar durante a música lenta ou na dança confusa e engraçadinha da garotinha que se remexia ao som de Gaby Amarantos.
Para materializar esses momentos, a fotógrafa Rachel Shein capturou trocas de afeto entre os frequentadores do evento. “A Virada do Afeto”, como foi batizado o projeto, mostrou que, intercalados aos momentos de violência, havia detalhes de amor que faziam a maior diferença.
(Há de se interpretar que a ideia é uma discordância em forma de fotografia da linha mais conhecida do cantor Criolo.

Sim, existe amor em SP.)
















O projeto é uma iniciativa dos sites Hypeness e Catraca Livre.


segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dica de foca - Scoop: o grande furo



   Dentro de uma caixa “desmaterializadora”, em um espetáculo de mágica, Sonda Pransky consegue o que qualquer jornalista sonha em alcançar: um furo. Ela, estudante de jornalismo, descobre que um rico homem inglês, chamado Peter Lyman, é o assassino em série que assusta as ruas de Londres. Quem a garante das informações é o espírito do jornalista Joe Strombel, o qual morreu três dias antes e descobriu o furo na barcaça que o leva para o céu.
   A partir do primeiro encontro com o espírito do repórter, a jovem jornalista inicia sua investigação, junto ao mágico Sidney Waterman. Para conseguir provas concretas sobre o envolvimento do socialite londrino com os crimes, os dois se infiltram na alta sociedade britânica como pai e filha com negócios em petróleo. No entanto, com o tempo, Sonda começa a se apaixonar pelo possível assassino.
   Essa é a premissa que guia o filme “Scoop: um grande furo”, do diretor Woody Allen, uma comédia, digamos, não muito romântica. Com atuações de Scarlett Johansson, Hugh Jackman e o próprio Woody Allen, o longa é uma ótima pedida para quem quer passar o tempo com um filme divertido.

Porque assistir: Tá com tempo? Sem pautas acumuladas ou entrevistas marcadas? Então prepara a pipoca e o refrigerante, se sente no sofá e assista ao filme, que, mesmo sendo de Woody Allen, não passa de uma opção agradável.


domingo, 19 de maio de 2013

Clica, foca!

Sobre gritos e cartazes

Por Natália Noronha

Protestos são feitos por todo o mundo e carregam consigo um ideal que é a força impulsionadora para sua realização. Diversas classes e setores da sociedade encontram nos manifestos espaço para serem livres de opinião e para, mais que isso, expressá-la. Em alguns atos, há repressão, há violência, há confrontos. Em outros, há pacificidade plena.
Hoje o Clica, foca! se volta à temática dos protestos e traz uma galeria de fotos desta semana relacionadas ao assunto. Tem manifesto de todo ideal e país. Confira:

Em 15 de maio, um ato feminista foi feito em frente ao tribunal de San Salvador, em El Salvador. As manifestantes pediam à Justiça a autorização do aborto de uma mulher de 22 anos, vítima de lúpus. Em El Salvador, o aborto é ilegal. Foto: José Cabezas/AFP 


 O grupo feminista Femen protesta em frente à Casa dos Sonhos da Barbie, em Berlim, em 16 de maio. As manifestantes consideram Barbie um símbolo sexista. Na foto, uma ativista queima a boneca amarrada a um crucifixo. Foto: Barbara Sax/AFP


Em São Paulo, na Avenida Paulista, adolescentes se pintam de zumbis durante protesto contra a pedofilia, em 17 de maio. Foto: J. Duran Machfee/Futura Press


Ontem, 18 de maio, houve mais uma marcha das Vadias, na Polônia, em Varsóvia. O ato é conhecido por suas manifestantes protestarem de topless. Foto: Kacper Pempel/Reuters


Em São Petersburgo, na Rússia, manifestante participa do ato que marca o Dia Internacional de Combate à Homofobia, em 17 de maio. Manifestações ocorreram em vários países. Foto: Dmitry Lovetsky/AFP


Em Natal, no Rio Grande do Norte, estudante posa para a lente de Canindé Soares em manifesto contra o aumento da tarifa do transporte público, em 15 de maio. O valor subiu de R$ 2,20 para R$ 2,40 e o seu aumento foi anunciado no último dia 10 pela Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana). Foto: Canindé Soares



Nota:
Recebi alguns comentários sobre a foto que escolhi para ser “capa” da postagem “Sobre gritos e cartazes” no Facebook. A foto que estampava o anúncio da postagem, que chamava os seguidores da fanpage do Fala, foca! para ler o post, é a do protesto aqui em Natal, em que um manifestante cobre o rosto com uma peça de roupa (essa aí de cima, ó).

Um dos comentários sugeria que a pequena nota do protesto em Natal nesta postagem poderia ser melhor representada por outras fotos. Outros me alertavam sobre uma possível tomada de posição da minha parte pela escolha da foto.

Eu ADOREI os comentários, cara.

Me abriram os olhos para algo que não tinha percebido. Obrigada à moça que comentou no Facebook e às outras pessoas que também conversaram sobre isso comigo. Abriu uma discussão massa.

            É possível que, ao rolar a timeline abaixo e se deparar com a foto e ler o anúncio da postagem, você comece a desenhar interpretações na sua cabeça. São vários aspectos: o olhar baixo e escuro do garoto, suas roupas, a posição de seus braços. Fatores que juntos cooperam para construir conceitos, interpretações e compreensões que cada um tem sobre a foto. É a impressão primeira que se tem ao olhar a imagem. É o primeiro impacto, o primeiro efeito, que rascunham os primeiros símbolos que parem os primeiros entendimentos.

ZZZZZZZZZ Massa, Natália, mas quê que tem tudo isso?

A escolha da foto não se preocupou tanto com intenções de privilegiar lados. Na verdade, não houve intenções de privilegiar lados. Decerto, toda imagem, todo texto (verbal ou não-verbal) carrega uma intenção. A nossa escolha, no entanto, se preocupou com outra coisa. Embora meu conhecimento sobre técnicas fotográficas seja nulo, eu me atrevo um pouquinho e curto observar aspectos de foco, luz, cor, captura de movimentos, posições, olhares, e tento trazer isso pras postagens do Clica, foca. (Às vezes, entretanto, minha visão acaba sendo menos técnica e mais romântica, de significado) Portanto, escolhi a foto mais pela qualidade técnica que ela tem; pela felicidade do fotógrafo em capturar um movimento corporal tão espontâneo do garoto.

O Clica, foca! ou Natália não tomam partido ou posição sobre o protesto contra o aumento tarifário ao escolher a foto

Nós gostamos MUITO de receber críticas, sugestões ou correções e estamos totalmente abertos a elas. A final, a gente tá começando agora na área. E é ótimo que vocês interajam com a gente.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Ainda dá tempo de concorrer ao livro "Como se fossem letras"


Próxima quarta feira (15), sortearemos o livro do jornalista potiguar Paulo Araújo. Você, que mora em Natal/Mossoró/Parnamirim, ainda tem tempo para participar desse sorteio. Para concorrer basta:

2) Compartilhar o post do sorteio ou da matéria
3) Entrar nesse link e clicar em "quero participar"

domingo, 12 de maio de 2013

Clica, foca!

Nosso último abraço

Por Natália Noronha

Bangladesh, Savar. A rotina de trabalho de vinte e quatro de abril de 2013 num complexo industrial que abrigava 5 fábricas de confecção têxtil prometia o canto desencontrado e confuso das máquinas, a fofoca tímida e baixa das amigas de trabalho e o grito insatisfeito dos patrões. Aquela mesma rotina. O esperado. Mas o inesperado aconteceu.
O prédio Rana Plaza, de nove andares, que confeccionava roupas e acessórios para grandes marcas estrangeiras, ruiu no começo da manhã da quarta-feira 24. O desabamento deixou mais de mil mortos e ultrapassa 2000 em número de feridos.
O que muita gente não para pra pensar em tragédias como a de Bangladesh é que, mais que números, as mortes significam vidas, famílias e histórias. E que, mais que a existência de histórias, as mortes significam a triste não-continuidade delas. Mais de mil planos interrompidos e empurrados pra debaixo de toneladas de concreto – concreto este que não lhes ofertava a segurança devida: os proprietários do complexo foram alertados sobre rachaduras - cuja existência comprometia a estrutura do prédio - percebidas na terça, dia que antecedeu a tragédia.
Entre as milhares de vítimas, duas em especial cativaram a atenção de Taslima Akhter. A fotógrafa e ativista bangalesa fazia a cobertura fotográfica do acontecimento quando se deparou com a cena. Um par de pessoas supostamente jovem, com uma porção do corpo escondida sob a matéria de concreto. Um homem e uma mulher cujo laço, se não existente, existente se tornou naquele instante: abraçam-se, quase que agarram-se as almas. Ela, com a cabeça violentamente inclinada para trás; ele, como que num encaixe, reclina a cabeça sobre o peito da moça, com olhos fechados e boca semiaberta. Ele a envolve em seus braços como se gritasse não querer perde-la.
Foto: Taslima Akhter / Divulgação

Taslima tinha percorrido os escombros durante o dia inteiro, tinha acompanhado todo o processo de buscas e de salvamento das vítimas, e às duas da manhã capturou o que foi considerado “o registro mais assombroso” da tragédia de Bangladesh. A foto passeou pelas redes sociais, pelos noticiários, sites e blogs e foi certamente o símbolo maior do desmoronamento.
À Time, revista eletrônica estadunidense, a fotógrafa fez um breve relato sobre o registro:

“Eu venho fazendo muitas perguntas a respeito do casal que morreu abraçado após o colapso. Eu tentei desesperadamente, mas ainda não achei nenhuma pista a respeito deles. Eu não sei quem são ou qual a relação eles tinham. 
Eu passei o dia inteiro do desabamento no local, assistindo aos trabalhadores serem retirados das ruínas. Eu lembro do olhar aterrorizado dos familiares - eu estava exausta mental e fisicamente. Por volta das 2h, encontrei um casal abraçado nos escombros. A parte inferior dos seus corpos estava enterrada sob o concreto. O sangue que saía dos olhos do homem corria como se fosse uma lágrima. Quando os vi, não pude acreditar. Era como se eu os conhecesse - eles pareciam ser muito próximos a mim. Eu vi quem eles foram em seus últimos momentos, quando, juntos, tentaram salvar um ao outro – salvar suas vidas amadas.
Cada vez que eu olho para essa foto, me sinto desconfortável - ela me assombra. É como se eles estivessem me dizendo, nós não somos um número - não somos apenas trabalho barato e vidas baratas. Nós somos humanos como você. Nossa vida é preciosa como a sua, e nossos sonhos são preciosos também. 
Eles são testemunhas nessa história cruel. O número de mortos agora passa de 750 (nesta quinta-feira, já chega a quase 1000). Que situação desagradável nós estamos, onde humanos são tratados apenas como números. 
Essa foto me assombra todo o tempo. Se as pessoas responsáveis não receberem a punição merecida, nós veremos esse tipo de tragédia de novo. Não haverá consolo para esses sentimentos horríveis. Cercada de corpos, eu senti uma imensa pressão e dor nas duas últimas semanas. Como testemunha dessa crueldade, tenho necessidade de compartilhar essa dor com todos. Por isso eu quero que essa foto seja vista.”

Em força, o registro supera palavras. Diz mais que elas. A dor do instante parece ser transmitida, ainda que em uma porção ínfima do que ela é em sua completude, numa corrente invisível que nos interliga aos seus protagonistas. Quando olho para a foto, participo daquele abraço. Esse abraço que mistura duas almas, que as une, no momento, em uma só. É como se o moço não deixasse escapar uma porção sequer da alma da moça para que morressem em unidade.
A fotografia entra para a história e serve como voz dos que não puderam soltar a voz diante da negligência e do descaso das autoridades sobre as más condições de trabalho e de segurança que têm os empregados de grandes empresas em todo o mundo.





"há braços, de fato. abraços, por sorte.
há deus, por fé.
adeus, por força."
 Talita Prates

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Especial televisão (Parte 4): Os jargões da televisão


Para concluir o especial televisão, nós preparamos um vídeo especial do Dicionário do Foca. Explicaremos os jargões típicos do jornalismo de tevê, como escalada, passagem e off, em formato de telejornal. Dá o play e confira:

domingo, 5 de maio de 2013

Clica, foca!

Especial Televisão


Por Natália Noronha

Dentre as tantas culturas do brasileiro, está a de assistir tevê. Alguns concebem o hábito como compromisso religioso: reservam as vinte da noite pro jornal e as nove pra novela, todo dia. Outros têm o aparelho apenas para compor a decoração da casa, e vez ou outra assistem a um filminho ou a um capítulo perdido da novela. Mas não há de se contestar que a grande maioria da população verde-e-amarela consome conteúdo de tevê em boa parte do tempo.

(Pra ilustrar essa afirmação, dados do Barômetro de Engajamento de Mídia, estudo feito pela Motorola Mobility, confirmam que nossa pátria-amada-Brasil está entre os seis países que mais consomem conteúdo televisivo)

Se a gente for estender essa conversa a uma esfera mundial, a coisa não fica tão diferente. Ainda de acordo com o Barômetro, pessoas em todo mundo assistem em média 25 horas de TV semanalmente. Em 2011, esse número era de 10 horas; em 2012, saltou para 19. Ou seja, a gente tem assistido tevê cada vez mais.
Pois bem, focas. O Clica, foca! de hoje entra no especial sobre televisão do Fala, foca! e traz 5 grandes momentos da televisão brasileira e mundial. Vamos conhecer numa galeria de fotos alguns dos mais importantes acontecimentos transmitidos e/ou repercutidos pela TV.


1.       A primeira telenovela brasileira

Brasileiro é bicho noveleiro. Esta colunista costuma dizer que a novela pode ser ruim-que-só-a-bixiga, mas a gente ainda assiste. É porção da cultura nossa essa coisa de acompanhar o desenrolar do novelo, de saber quem matou quem. Mas você já se perguntou quando foi que começou isso tudo? A primeira telenovela brasileira se chamava “Sua Vida Me Pertence” e foi ao ar pela primeira vez em 21 de dezembro de 1951, na extinta TV Tupi (sobre a qual você pode conhecer mais aqui). A obra contava os amores e desamores de uma paixão entre um homem mais velho e uma moça, vividos por Walter Forster e Vida Alves, respectivamente. A novela tinha 15 capítulos e era transmitida duas vezes na semana. E olha que coisa: ao vivo! Naquele tempo não havia esse processo de gravação, não existia videotape; a telenovela e os demais programas eram gravados ao vivo. Nada de Falha Nossa.


2.       Primeira Copa do Mundo televisionada

Dividindo espaço com a novela no coração do brasileiro, o futebol é um dos grandes amores da pátria-amada-Brasil. Pauta da conversa de bar, assunto do intervalo no trabalho e, claro, programação das noites de quarta e de domingo no sofá de casa. Aí vem a Copa do Mundo, quando todos aqueles sentidos de união, garra e amor à nação são potencializados com a família junta e de frente pra tevê. Pois bem, a primeira Copa do Mundo transmitida ao vivo pela televisão foi a de 1954, sediada na Suíça. Entretanto, apenas alguns países europeus receberam a transmissão. Somente na Copa sediada no México, em 1970, o campeonato foi televisionado pela primeira vez no Brasil. O torneio é o mais assistido em todo o mundo, superando os Jogos Olímpicos.


3.       Casamento Real - Charles e Diana

Para algumas pessoas, acompanhar a vida alheia é mais interessante. Principalmente quando se trata de um príncipe e uma princesa. O casamento do então herdeiro do trono britânico, Príncipe Charles, com a tímida e delicada Diana Spencer aconteceu na manhã de 29 de julho de 1981 e foi transmitida para todo o mundo (estima-se um número de mais de 750 milhões de telespectadores). O mundo parou diante da pompa e do luxo de um dos maiores e mais assistidos eventos do século XX. A cena mais aguardada pelo zoom das câmeras foi o terno selinho de Charles em Diana, na sacada do Palácio de Buckingham.


4.       O 11 de setembro
(A foto ficou conhecida como “The Falling Man” e foi registrada pelo fotógrafo Richard Drew. O clique causou incômodo ao público por ser perturbador.)

O atentado às duas torres mais conhecidas do mundo foi sem dúvida um dos grandes alvos da mídia dos últimos anos. Plantões e tomadas ao vivo dedicaram horas à ação terrorista. Entretanto, devido à censura de imagens, alguns veículos repetiam a cena do choque do avião com as torres, enquanto a CNN, canal norte-americano de notícias, transmitia imagens em tempo real de vítimas pulando do alto das torres, sempre alertando a audiência do conteúdo forte das imagens. Na noite da terça-feira 11, mais de 60 milhões de pessoas acompanharam a transmissão do atentado pela NBC, segundo o instituto de pesquisas Nielsen. No Brasil, a cobertura do acontecimento pelo Jornal Nacional garantiu a maior audiência do programa no ano, com 52 pontos de média. Mais de três bilhões de pessoas – praticamente a metade da população mundial, de 6,1 bilhões, na época – parou para acompanhar o evento.


5.       A maior audiência registrada no Brasil

A maior audiência da nossa televisão já registrada tinha que ser de novela. A Rede Globo de Televisão alcançou incríveis 100 pontos de audiência e 96 de média com o capítulo final de Roque Santeiro, trama protagonizada por José Wilker, Regina Duarte e Lima Duarte.


Sabe de algum grande momento da televisão mundial ou brasileira que não citamos aqui? Comenta aqui embaixo!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Especial televisão (parte 3)

Por Alice Andrade
Um magnata da mídia brasileira, somado a sua ousadia e à realização de um sonho pessoal: foi essa a fórmula que resultou na criação da primeira emissora de televisão da América Latina, no ano de 1950. Tendo sido batizada com o nome de origem indígena, devido ao apreço de seu criador por tal cultura, a TV Tupi definitivamente revolucionou a comunicação  no Brasil.

Assis Chateaubriand, conhecido como
 "pai da televisão brasileira"
(Foto: caetanistas78.blogspot.com)
   Como ainda não havia profissionais específicos para esse campo, algumas das equipes do rádio e do teatro logo migraram para a televisão e produziram conteúdos de grande repercussão e popularidade. As novelas, por exemplo, alcançaram significativo sucesso no Brasil, assim como Sua Vida Me Pertence, com Vida Alves e Walter Forster, que mostrou o primeiro beijo na televisão.

Inicialmente, a ideia de criar uma emissora no Brasil surgiu de quando Assis Chateaubriand – que na época já era dono de uma rede de jornais e rádios, conhecida como Diários Associados - visitou um estúdio de televisão americano, ficou encantado com a transmissão de imagens para os aparelhos televisores e resolveu implantar a ideia em seu país, exatamente no período em que o rádio era o meio de comunicação mais popular. 
   Dessa forma, apesar de todos os incentivos para que o seu investimento fosse voltado para o radialismo, o jornalista quis inovar e importou a tecnologia da televisão dos Estados Unidos. Contudo, por ainda não existirem emissoras brasileiras, também não havia receptores do sinal de TV. Então, Chateaubriand também trouxe os aparelhos receptores, cerca de duzentos, e os espalhou pela capital paulista.
(Foto: pt.wikipedia.org)
 A cerimônia de abertura da televisão pioneira contou com o Frei José Mojica, que cantou "A canção da TV", hino composto pelo poeta Guilherme de Almeida, contando também com a presença da atriz Lolita Rodrigues. Quem assumiu a direção artística da Tupi foi o então radialista Cassiano Gabus Mendes, ainda nos seus 23 anos. 
Frei José Mojica (esquerda) e a atriz Hebe Camargo (direita)
Foto: (portalsaofrancisco.com.br) 
O primeiro programa transmitido foi TV na Taba, cuja apresentação era feita por Homero Silva. Além disso, contou-se com as participações especiais de Lima Duarte, Hebe Camargo, o balé de Lia Aguiar, Vadeco, Aurélio Campos, Mazzaropi, Ciccilo, Ivon Cury, Wilma Bentivegna, o jogador Baltazar, Rosalina Coelho Lisboa e a orquestra George Henri. Quem entoou o prefixo da emissora foi a atriz Yara Lins, ao dizer: "PRF-3". Quanto à primeira imagem que foi exposta aos telespectadores inaugurais, tratou-se da frase "está no ar a TV no Brasil", dita por Sônia Maria Dorce, na época com 5 anos, vestida de indiazinha.

Repórter Esso
O Repórter Esso, trazido do rádio, também teve grande
sucesso na televisão
(Foto: emporiodenoticias.com)
Em 17 de junho de 1953, foi ao ar o Repórter Esso, o qual já fazia sucesso no rádio e, introduzido na televisão, arrebatou a audiência no horário das 19h45. A apresentação do telejornal, em São Paulo, era feita por Heron Domingues e Gontijo Theodoro, que entravam no ar para trazer notícias nacionais e internacionais. Mais tarde, no ano de 1955, o primeiro programa de auditório foi criado, titulado O céu é o Limite






Ao vivo
   A TV Tupi de São Paulo também foi a primeira na transmissão ao vivo ao decidir mostrar a inauguração de Brasília, em abril de 1960. Por causa da inexistência de satélites, solicitaram três aviões voando em círculos na rota Brasília-São Paulo para que a transferência do sinal fosse feita através deles.
   Dessa maneira, a imagem era captada em Brasília e transmitida para o primeiro avião, que retransmitia para o segundo e depois para o terceiro, o qual, por fim, retransmitia para a antena principal da TV Tupi, em São Paulo. Esta enviava novamente o sinal para as demais áreas de alcance, exibindo a inauguração da capital nacional aos paulistas em tempo real.

Inovação
Com o passar do tempo, a televisão foi se popularizando e, por isso, seu conteúdo teve de acompanhar esse desenvolvimento. Sendo assim, uma das novelas produzida pela Tupi, Beto Rockfeller, de Bráulio Pedroso, inovou a linguagem da televisão no ano de 1968. A partir da figura de um anti-herói, nasceu um estilo singular de interpretação, em que se notou uma maior naturalidade. Isso conquistou o público, aumentando a audiência e trazendo uma maior aceitação desse tipo de programação.
Abertura e trecho da novela Beto Rockfeller (1968) 

O fim da TV Tupi
Mesmo com o êxito inicial alcançado, a morte de Assis Chateaubriand, em 1968, deu início a uma longa crise administrativa e financeira da TV Tupi. Isso gerou uma queda de audiência, além do fato de que emissoras concorrentes começaram a surgir. Por esses motivos, no dia dezessete de julho de 1980, pouco antes de completar 30 anos no ar, a Tupi teve sua concessão cassada pelo governo federal de Figueiredo. 

Símbolo da TV Tupi (Foto: diariopernambucano.com.br)
Nessa perspectiva, a primeira emissora brasileira teve seus transmissores apreendidos. No entanto, sua importância no contexto da comunicação do Brasil, especialmente no que se relaciona ao contexto audiovisual, jamais deixou de ser reconhecida. Como pioneira, a TV Tupi, fruto da criatividade e visionarismo de Chateaubriand, é, inegavelmente, um marco na história do nosso país.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Como se fossem letras

(Foto: Alice Andrade)

Por Matheus Soares

   No início da década de 90, milhares de jovens se engajavam no movimento Fora Collor e iam às ruas protestar; na televisão, eles assistiam o seriado “Anos Rebeldes”, com Malu Mader e Cássio Gabos Mendes, que instigava o sentimento de revolução nos estudantes brasileiros. Em Natal, o aluno do terceiro período de Geologia da antiga ETFERN, instigado pela professora de português, resolveu apenas concluir o curso técnico e partir para a área de comunicação.
   Em 1996, tentado pela capacidade de contar histórias e entrevistar pessoas, o seridoense Paulo Araújo iniciou o curso de jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), quando os textos eram feitos em máquinas de datilografia.
   Sua turma viveu a transição do analógico para o digital, e em 1998 viu pela primeira vez uma máquina fotográfica digital. “Um fotógrafo da Folha de São Paulo veio, tirou as fotos e passou para o laptop dele. Enquanto nós usávamos filme”, comenta Paulo.
   Sua turma, segundo ele, foi aquela que logo cedo entrou no mercado. “Cada um foi se virando”, diz. Depois de passar por uma curta experiência no jornal impresso, Paulo conseguiu, no terceiro período, um emprego na televisão pública da universidade, a TVU. Começando primeiramente na produção, ele fazia notas, pautas e marcava entrevistas; depois partiu para a reportagem em si. “Descobri que escrever a matéria dentro do carro enquanto você volta é uma arte”, declara.
   Em 2000, recém formado, Paulo descobriu o Curso Abril de Jornalismo na propaganda das páginas da revista Veja. Mesmo com medo, ele decide ir à seleção do curso. “O desafio proposto era você escrever um texto sobre si e o porquê de ter escolhido jornalismo como profissão”. O jornalista conseguiu ir para a segunda etapa, uma entrevista em Recife, e foi selecionado no resultado final.
   Porém, uma semana antes de embarcar para São Paulo, ele foi acometido por uma crise de apendicite. “A minha família dizia para eu não ir”, falou Paulo. Mas, mesmo assim, ele embarcou ruma à cidade, para passar um mês na editora Abril.
   Sem nunca ter ido à metrópole, Paulo diz que “foi tudo que sempre sonhou”. Fez seu curso na revista Veja, a mesma em que viu a propaganda, e ralou bastante para acompanhar o ritmo dos profissionais de lá. “Lá ninguém tem tempo de te orientar, dado pelo corre-corre de uma semanal. Mas a gente do nordeste vai lá e faz”, relembra o jornalista.
   Indagado sobre as diferenças do mercado potiguar e do paulista, ele destaca o profissionalismo dos paulistanos. “Você combina um preço com os editores e eles te pagam o combinado, você se sente valorizado”. Mas, segundo ele, o mercado natalense evoluiu bastante nesses últimos anos: “Os salários estão ficando cada vez melhores, naquela época só existiam quatro lugares para trabalhar. Ou você ia para fora ou ficava aqui e acabava saindo da profissão”.
   Destemido, Paulo foi mais para “fora” e, depois de passar seis anos na editora abril e uma rápida passagem pela editora globo, viajou à Angola, em convite do governo de lá, para criar o primeiro jornal de economia do país. Junto com outros jornalistas, ele procurava e orientava profissionais locais para fazer parte da equipe. “Procuramos profissionais em lugares que poderiam ter alguém com capacidade, como seminários de padres”, afirma.
   Após passar três meses no continente africano, Paulo decide voltar ao seu estado natal e aceitar o cargo de Adjunto de comunicação da prefeitura, em 2009, o qual exerceu por seis meses. Ainda em casa, ele assume a direção da TV Ponta Negra, por dois anos, e volta a trabalhar com telejornalismo.
Em junho do ano passado, Paulo é convidado a dirigir a Sim TV, emissora também potiguar, e teve a função de organizar a grade de programação. Além disso, o jornalista não deixou de lado a escrita e ainda era cronista e repórter das revistas locais Glam e Viver Bem.
   No entanto, mesmo com a temporada local - que segue até hoje, com o lançamento do seu livro “Como se fossem letras” - Paulo afirma que não esquece a maior metrópole do Brasil: “Sempre volto a São Paulo em dois meses” – inclusive, em breve o jornalista voltará à metrópole para um treinamento da BBC, pois trabalhará como correspondente da empresa na copa do mundo. E diz que o essencial de um jornalista é não ter medo, é achar que o mundo não é só sua cidade natal, e foi da sua zona de conforto que Paulo Araújo saiu para conquistar o mundo.

O PRIMEIRO LIVRO
   O que seriam dos historiadores sem os jornalistas? São aos jornais que os pesquisadores recorrem, frequentemente, para analisar a sociedade de uma determinada época e para coletar informações que surgem nas matérias. No entanto, aos jornalistas só restam as notícias efêmeras e o reconhecimento, geralmente, passageiro.
   Com o objetivo de fincar seu trabalho na história, Paulo Araujo resolveu criar o livro “Como se fossem letras”, da editora Jovens Escribas, mostrando seus trabalhos jornalísticos atemporais. São 23 textos, dentre eles duas entrevistas, cinco reportagens, seis perfis, sete ensaios, uma crônica, um conto fictício e um prefácio do professor Vicente Serejo.
   Sobre a origem do título, ele explica que a frase foi dita em 2003 por um guia de um sítio de pinturas rupestres em Currais Novos, quando um grande amigo do jornalista perguntou o que aquelas pinturas significavam. “Era meu desejo responder isso quando perguntassem o que era meu livro”, declara o jornalista.
   A ideia do livro, ele conta, surgiu após voltar de Mossoró, cidade no alto oeste potiguar, em novembro do ano passado. Ele explica que, depois de servir como mão de obra às empresas, estava na hora de fazer o próprio livro: “Era hora de ter uma coisa feita para o meu prazer, lançar um livro é algo inexplicável”.
   Após conversar com seu antigo professor de jornalismo, Vicente Serejo, ele decidiu por o livro em prática. Foi um mês e meio de produção, na escolha dos vinte e três textos que seriam utilizados. “Imaginei-me sendo o comprador. Queria que fosse gostoso de ler”, afirmou o jornalista, que selecionou, primeiramente, cinquenta redações, cortou vinte e, depois, chegou ao número final.
   Esses textos, ele conta, objetivam ensinar aos jovens profissionais, contando relatos dos bastidores e noções de técnicas jornalísticas. Segundo ele, seu objetivo não é a produção de um material didático, mas sim reunir suas melhores matérias como meio de entretenimento e conhecimento de forma simultânea.
Sempre visando o compartilhamento de conhecimento, o jornalista já está organizando o seu próximo livro. Paulo conta que já escreve dicas de jornalismo no facebook e pretende as transformar em obra. Mais um modo de quebrar as barreiras do jornalismo e consolidar seu trabalho na sociedade.

Quer o livro autografado "Como se fossem letras" de Paulo Araújo?
Nós vamos sorteá-lo!


(Foto: Alice Andrade)


Para concorrer basta: 
1) Curtir a publicação do livro na fanpage do blog
2) Compartilhar a foto
3) Clicar em "Quero participar" no link

OBS: Promoção válida somente em Natal, Parnamirim e Mossoró.