quarta-feira, 1 de maio de 2013

Como se fossem letras

(Foto: Alice Andrade)

Por Matheus Soares

   No início da década de 90, milhares de jovens se engajavam no movimento Fora Collor e iam às ruas protestar; na televisão, eles assistiam o seriado “Anos Rebeldes”, com Malu Mader e Cássio Gabos Mendes, que instigava o sentimento de revolução nos estudantes brasileiros. Em Natal, o aluno do terceiro período de Geologia da antiga ETFERN, instigado pela professora de português, resolveu apenas concluir o curso técnico e partir para a área de comunicação.
   Em 1996, tentado pela capacidade de contar histórias e entrevistar pessoas, o seridoense Paulo Araújo iniciou o curso de jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), quando os textos eram feitos em máquinas de datilografia.
   Sua turma viveu a transição do analógico para o digital, e em 1998 viu pela primeira vez uma máquina fotográfica digital. “Um fotógrafo da Folha de São Paulo veio, tirou as fotos e passou para o laptop dele. Enquanto nós usávamos filme”, comenta Paulo.
   Sua turma, segundo ele, foi aquela que logo cedo entrou no mercado. “Cada um foi se virando”, diz. Depois de passar por uma curta experiência no jornal impresso, Paulo conseguiu, no terceiro período, um emprego na televisão pública da universidade, a TVU. Começando primeiramente na produção, ele fazia notas, pautas e marcava entrevistas; depois partiu para a reportagem em si. “Descobri que escrever a matéria dentro do carro enquanto você volta é uma arte”, declara.
   Em 2000, recém formado, Paulo descobriu o Curso Abril de Jornalismo na propaganda das páginas da revista Veja. Mesmo com medo, ele decide ir à seleção do curso. “O desafio proposto era você escrever um texto sobre si e o porquê de ter escolhido jornalismo como profissão”. O jornalista conseguiu ir para a segunda etapa, uma entrevista em Recife, e foi selecionado no resultado final.
   Porém, uma semana antes de embarcar para São Paulo, ele foi acometido por uma crise de apendicite. “A minha família dizia para eu não ir”, falou Paulo. Mas, mesmo assim, ele embarcou ruma à cidade, para passar um mês na editora Abril.
   Sem nunca ter ido à metrópole, Paulo diz que “foi tudo que sempre sonhou”. Fez seu curso na revista Veja, a mesma em que viu a propaganda, e ralou bastante para acompanhar o ritmo dos profissionais de lá. “Lá ninguém tem tempo de te orientar, dado pelo corre-corre de uma semanal. Mas a gente do nordeste vai lá e faz”, relembra o jornalista.
   Indagado sobre as diferenças do mercado potiguar e do paulista, ele destaca o profissionalismo dos paulistanos. “Você combina um preço com os editores e eles te pagam o combinado, você se sente valorizado”. Mas, segundo ele, o mercado natalense evoluiu bastante nesses últimos anos: “Os salários estão ficando cada vez melhores, naquela época só existiam quatro lugares para trabalhar. Ou você ia para fora ou ficava aqui e acabava saindo da profissão”.
   Destemido, Paulo foi mais para “fora” e, depois de passar seis anos na editora abril e uma rápida passagem pela editora globo, viajou à Angola, em convite do governo de lá, para criar o primeiro jornal de economia do país. Junto com outros jornalistas, ele procurava e orientava profissionais locais para fazer parte da equipe. “Procuramos profissionais em lugares que poderiam ter alguém com capacidade, como seminários de padres”, afirma.
   Após passar três meses no continente africano, Paulo decide voltar ao seu estado natal e aceitar o cargo de Adjunto de comunicação da prefeitura, em 2009, o qual exerceu por seis meses. Ainda em casa, ele assume a direção da TV Ponta Negra, por dois anos, e volta a trabalhar com telejornalismo.
Em junho do ano passado, Paulo é convidado a dirigir a Sim TV, emissora também potiguar, e teve a função de organizar a grade de programação. Além disso, o jornalista não deixou de lado a escrita e ainda era cronista e repórter das revistas locais Glam e Viver Bem.
   No entanto, mesmo com a temporada local - que segue até hoje, com o lançamento do seu livro “Como se fossem letras” - Paulo afirma que não esquece a maior metrópole do Brasil: “Sempre volto a São Paulo em dois meses” – inclusive, em breve o jornalista voltará à metrópole para um treinamento da BBC, pois trabalhará como correspondente da empresa na copa do mundo. E diz que o essencial de um jornalista é não ter medo, é achar que o mundo não é só sua cidade natal, e foi da sua zona de conforto que Paulo Araújo saiu para conquistar o mundo.

O PRIMEIRO LIVRO
   O que seriam dos historiadores sem os jornalistas? São aos jornais que os pesquisadores recorrem, frequentemente, para analisar a sociedade de uma determinada época e para coletar informações que surgem nas matérias. No entanto, aos jornalistas só restam as notícias efêmeras e o reconhecimento, geralmente, passageiro.
   Com o objetivo de fincar seu trabalho na história, Paulo Araujo resolveu criar o livro “Como se fossem letras”, da editora Jovens Escribas, mostrando seus trabalhos jornalísticos atemporais. São 23 textos, dentre eles duas entrevistas, cinco reportagens, seis perfis, sete ensaios, uma crônica, um conto fictício e um prefácio do professor Vicente Serejo.
   Sobre a origem do título, ele explica que a frase foi dita em 2003 por um guia de um sítio de pinturas rupestres em Currais Novos, quando um grande amigo do jornalista perguntou o que aquelas pinturas significavam. “Era meu desejo responder isso quando perguntassem o que era meu livro”, declara o jornalista.
   A ideia do livro, ele conta, surgiu após voltar de Mossoró, cidade no alto oeste potiguar, em novembro do ano passado. Ele explica que, depois de servir como mão de obra às empresas, estava na hora de fazer o próprio livro: “Era hora de ter uma coisa feita para o meu prazer, lançar um livro é algo inexplicável”.
   Após conversar com seu antigo professor de jornalismo, Vicente Serejo, ele decidiu por o livro em prática. Foi um mês e meio de produção, na escolha dos vinte e três textos que seriam utilizados. “Imaginei-me sendo o comprador. Queria que fosse gostoso de ler”, afirmou o jornalista, que selecionou, primeiramente, cinquenta redações, cortou vinte e, depois, chegou ao número final.
   Esses textos, ele conta, objetivam ensinar aos jovens profissionais, contando relatos dos bastidores e noções de técnicas jornalísticas. Segundo ele, seu objetivo não é a produção de um material didático, mas sim reunir suas melhores matérias como meio de entretenimento e conhecimento de forma simultânea.
Sempre visando o compartilhamento de conhecimento, o jornalista já está organizando o seu próximo livro. Paulo conta que já escreve dicas de jornalismo no facebook e pretende as transformar em obra. Mais um modo de quebrar as barreiras do jornalismo e consolidar seu trabalho na sociedade.

Quer o livro autografado "Como se fossem letras" de Paulo Araújo?
Nós vamos sorteá-lo!


(Foto: Alice Andrade)


Para concorrer basta: 
1) Curtir a publicação do livro na fanpage do blog
2) Compartilhar a foto
3) Clicar em "Quero participar" no link

OBS: Promoção válida somente em Natal, Parnamirim e Mossoró.

Um comentário:

  1. Gostei de saber a origem do título do livro.
    Primeira vez acessando este blog. Vou conhecê-lo! =)

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