quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Relato de foca

Por Matheus Soares
A cara da recepcionista enquanto eu falava no telefone
    "Bom dia. Meu nome é Matheus Soares, sou repórter do jornal livre, e estou fazendo uma reportagem sobre livros. Posso falar com algum representante da livraria?", era a décima quinta vez que eu repassa o que ia falar. O texto estava na ponta da língua, mas o número da livraria jazia no celular, esperando eu apertar o botão verde. Mas eu não tinha coragem de apertar.
    Nunca gostei de falar pelo telefone, sempre fui monossilábico e dizia apenas o necessário. "Alô. Tudo bem. Não, você ligou para a pessoa errada. Tchau". E agora eu tenho que telefonar para marcar minha primeira entrevista, ainda no primeiro semestre do curso de jornalismo. Mais nervoso impossível.
 Mas eu não podia treinar pela décima sexta vez, eu tinha que ligar. E liguei. "BomdiaMeunomeéMatheusSoaressoureporterdojornalivreeestoufazendoumareportagemsobrelivrospossofalarcomalgumrepresentantedalivraria?". A recepcionista, do outro lado da linha, precisou de alguns segundos para decifrar o que eu tinha acabado de falar. "Você é de um jornal e quer falar com o representante da livraria?", ela perguntou. Afirmei e a simpática recepcionista me repassou para o diretor de marketing da empresa. 
    Enquanto a musiquinha polifônica tocava, tive tempo de respirar e me acalmar. Falei com responsável e marquei uma entrevista para algumas horas depois. Desliguei o telefone, ainda tremendo e com o coração acelerado. Consegui marcar minha primeira entrevista.

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